quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A Notícia - Parte 2

Por Raí Silva
O carro para em frente a uma boate, as três amigas saem e dão a chave para o manobrista. O recem solteiro que as seguiu estava confuso, sem entender nada do que estava acontecendo, contudo decidiu entrar na boate. Lá dentro tentou uma nova aproximação da recem ex-esposa.

Ele: - Será que eu posso conversar com você?
Ela: - Ain, que susto. O que é que você tá fazendo aqui? A festa tá linda ne?!

Ele a puxa pelo braço, a tira da pista de dança e a leva para um canto qualquer, menos barulhento.

Ele: Você está jogando fora 5 anos de casamento. Suas atitudes estão me surpreendendo, por que você está fazendo isso comigo?
Ela (distraída procurando as amigas na pista de dança): O quê? Desculpa, mas aqui é muito barulhento. Não consigo te ouvir muito bem.
Ele: - Vamos sair daqui, agora!
Ela: - Sair? Ta louco? O ingresso aqui é caríssimo e a festa tá bombadíssima, querido!
Ele: - Você pirou, só pode ser. Não foi por você que me apaixonei.
Ela: - Mas foi essa mesma que te fez desapaixonar? Deixa eu recapitular. Voltei do trabalho pensando em fazer um jantar diferente pra você. Uma comida diferente, pra depois assistirmos um filme e ficarmos agarradinhos na cama até pegarmos no sono. Meu Deus, hoje é sexta feira. Você lembra quando foi a última vez que saímos pra dançar? Ai, deu sede. Vai beber alguma coisa?
Ele: - Não sei, talvez.
Ela: - Ah, você deve estar dirigindo. Garçon, quero wisky por favor. Com bastante energético que a pista me espera. Esse Dj é ótimo. Ah, e um refrigerante pra meu amigo.
Ele: - Eu não quero refrigerante e não sou seu amigo.
Ela: - Se decida. Vai beber ou não? Quanto ao "amigos", somos o quê então? Se tem uma coisa que não gosto é de regredir em minha vida. Chegamos a última etapa de um relacionamento amoroso, querido. A próxima etapa é o divórcio. Não temos como voltar a fita e nos assumirmos enquanto namorados, ou voltarmos ao noivado. Impossível. Vai querer o quê? Ser meu ficante?
Ele: - Deixa eu ver se estou entendendo, você não me ama mais, certo?
Ela: - Errado, você não está entendendo. Quem falou sobre o término foi você, não eu. Portanto quem não me ama mais é você.
Ele: - Mas você não está se importando com isso?
Ela: - Isso o quê? Sua falta de amor por mim?
Ele: - Sim... quer dizer, não. Não é isso. Eu gosto de você sim, te admiro muito. Você sempre foi uma excelente pessoa, sempre esteve comigo em todos os momentos que precisei. Sabe cuidar da casa como ninguém e ainda por cima é linda.
Ela: - Nossa, fiquei lisongeada.
Ele: - Ta vendo que reconheço as suas qualidades?
Ela (rindo): - Qualidades? No plural? Querido, vou considerar apenas um elogio porque quero ser generosa. Sim, sou linda. Quanto aos outros elogios, dispenso. Qualquer um que não tenha passagem pela polícia pode ser excelente pessoa. Um cartão de crédito também está presente nos momentos em que mais precisamos. Cuidar da casa? Se o problema é esse, posso te indicar ótimas agências de diaristas.
Ele: - Você entendeu tudo errado.
Ela: Não, você que disse tudo errado. AAAAAAAA, ADORO ESSA MÚSICA!!!

Ela corre para a pista de dança, se junta às amigas e dança fervorosamente uma música de batida eletrônica que ele nunca tinha ouvido. Ele fica distante, perplexo, tentando ouvir seus próprios pensamentos que pareciam inaudíveis com aquela música no último volume.
Enquanto a observava percebeu que haviam outros rapazes dançando enquanto as olhava. Um deles decidiu se aproximar e dançou com uma das amigas que acompanhava sua ex-esposa. Outros dois aproveitaram a deixa e também se aproximaram. As garotas pareciam não percebê-los. Demonstravam não se preocupar com a aproximação daqueles estranhos. Um deles se aproximou da recem solteira e enquanto dançava colocou sua mão na cintura da mulher a ser conquistada. Bastaram apenas alguns segundos para que o ex-marido se aproximasse e atingisse o estranho com um sôco, fazendo-o cair e a pista de dança abrir deixando no centro apenas os três personagens principais daquela cena: O ex-marido, a ex-esposa e o estranho.

Ela: - Você tá louco?
Ele: - Você não viu que ele estava te agarrando?
Estranho: - A gente tava dançando seu babaca. E se você deixa sua mulher na pista é porque...
Ela: - Eu não sou mulher dele.

Várias outras pessoas já tinham se aproximado e tentavam desfazer aquela confusão. A música agora era de uma versão remix de alguma cantora com uma voz bem fina. Misturavam-se àquelas notas agudas os gritos daqueles que estavam metidos na confusão e as outras pessoas presentes que comentavam o ocorrido. O casal se afastou da confusão enquanto as amigas seguravam os rapazes que queriam defender o amigo. E para homens, defender é sinônimo de atacar. O casal foi para um canto e a pista de dança voltou a ficar lotada em segundos. Todos esqueceram o que aconteceu imediatamente.

Ele: - Por que você fez isso?
Ela: - Fiz o quê? Dancei, chamei atenção com aquela beleza que você citou há pouco?
Ele: - Agora você já sabe porque eu não gostava de te levar nessas boates.
Ela: - Então preferia me manter em cárcere privado? Já parou pra pensar que se meu marido estivesse na pista dançando comigo, se eu tivesse um, ninguém se aproximaria de mim? Quanto aos olhares, você já deveria estar acostumado. Eu sou linda, querido. Sou desejada até quando vou comprar pão na esquina.
Ele: - Por favor, vamos embora.
Ela: - Garçon, mais Wisky, por favor. Dessa vez com pouco energético, estou com energia pra passar 7 dias num carnaval ininterrupto. Não querido, eu disse menos energético e não menos wisky. Capricha!

Ele já tinha perdido as forças e a inteligência pra saber conduzir a situação lhe faltava. Decidiu pedir uma cachaça qualquer enquanto assistia sua ex-esposa voltar para a pista. Suas amigas a recebiam às gargalhadas. Dessa vez ninguém se aproximava delas e pelo que ele percebia, nem olhares na direção delas existia. Ele ficou ali quieto, sentado num canto enquanto sua ex-esposa chamava o garçon de 5 em 5 minutos ao mesmo tempo em que seu copo também não permanecia vazio em momento algum.
Poucos minutos foram suficientes para que não se fosse mais percebida a hora passar. E assim a noite seguiu.

O dia amanheceu e o ex-casal estava deitado na sua cama, já em casa, quando ela abriu os olhos e parecia que tinha um holofote de milhões de volts apontado em sua direção. Seus olhos estavam pesados, a garganta doendo, a cabeça fervendo os neurônios. Ela olha para o lado e vê o ex-marido deitado. Algo lhe dizia que quando ele acordasse teria as mesmas âncias de vômito que naquele momento ela sentia.

Ela: - Ei, acorda. Ai. Ei, vai tomar um banho, parece até que você mergulhou numa psicina de cachaça. Ai minha cabeça. Como foi que eu cheguei em casa? Levanta, precisamos arrumar sua mala.
Ele: - Ham? O que foi que aconteceu? Algum tanque de guerra passou por cima de mim depois de eu ter sido atropelado por um trem bala ou é impressão minha?
Ela: - É impressão. O tanque estava ocupado atirando uma bomba em mim. Já o trem, não se preocupe, não existe trem em nossa cidade.
Ele: - Engraçadinha. Será que agora a gente pode conversar?
Ela: - Meu Deus do céu, ele não vai desistir nunca? Não sei de quem foi a ideia de te trazer aqui pra minha casa, mas seja lá quem for, vai se ver comigo.
Como será que isso tudo vai acabar?

QUER QUE EU CONTINUE?

3 comentários:

Anônimo disse...

Adorei!

Anônimo disse...

EU QUERO!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Estou super hipnotizada!
Amo essas historias, esses textos. Acho tudo super lindo! *-*

Regina disse...

Ah, continua sim, quero saber como ela vai conseguir descalçar essa bota ! rsrsrsrsrs

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